Leitura do Sermão de Quarta-feira de Cinza do Padre António Vieira nos Claustros do Museu Alberto Sampaio.

A convite do Teatro Oficina, em Guimarães, Luís Miguel Cintra apresenta este sábado, dia 12 de Julho, às 18h00, nos claustros do Museu Alberto Sampaio, o Sermão de Quarta-feira de Cinza do Padre António Vieira. A entrada no espectáculo é gratuita.

Datado de 1672, o Sermão de Quarta-feira de Cinza é um dos mais belos e terríveis sermões do Padre António Vieira, um dos melhores exemplos da grande arte oratória portuguesa do século XVII. Em Roma, na Igreja de S. António dos Portugueses, o Padre António Vieira faz uma profunda reflexão sobre um dos temas mais frequentes da arte barroca: a morte, a efemeridade da vida e as vaidades humanas, como glosa da citação bíblica da Liturgia de quarta-feira de cinzas, na cerimónia de imposição das cinzas: Memento Homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris. (Lembra-te, ó homem de que és pó e ao pó hás-de voltar.) A própria Igreja não escapa à advertência de Vieira: “… homenzinhos miseráveis, loucos, insensatos, não vedes que sois mortais? Não vedes que haveis de acabar amanhã? Não vedes que vos hão-de meter debaixo de uma sepultura, e que de tudo quanto andais afanado, e adquirindo, não haveis de lograr mais que sete pés de terra?”

Apesar de ter nascido na vizinha Espanha, em Madrid, no ano de 1949, Luís Miguel Cintra é uma referência incontornável na dramaturgia nacional. Actor, dramaturgo e encenador, Luís Miguel Cintra inicia-se no teatro aos 19 anos, no Grupo de Teatro de Letras da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, enquanto frequentava o Curso de Filologia Romântica. A paixão pelas artes performativas leva-o a frequentar entre 1970 e 1972 o Acting Tecnhical Course da Bristol Old Vic Theatre School, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1973 funda juntamente com Jorge Silva Melo, o Teatro da Cornucópia.

A década seguinte dá a Luís Miguel Cintra uma grande visibilidade. Foi crítico de teatro em O Tempo e o Modo, foi director da colecção de Teatro Seara Nova e da colecção de teatro da edição Ulmeiro, e leccionou, ainda, no Conservatório Nacional (Interpretação, na escola de Teatro e Direcção de Actores, na Escola de Cinema).
Talentoso também na arte de declamar poesia e na arte da interpretação, centrou a sua carreira no teatro tendo dirigido inúmeras peças de autores reconhecidos dos quais se destaca Brecht, Tchekhóv ou Molière. Paralelamente ao teatro, desenvolveu um notável trabalho no mundo da ópera. Encenou diversos espectáculos e foi recitante, nomeadamente com o Coro Gulbenkian e com o Teatro Nacional S. Carlos.

Em 1984 participou com o seu grupo no Festival de Teatro da Bienal de Veneza e quatro anos depois encenou para o Festival de Avignon, o espectáculo La Mort du Prince et Autres Fragments com a actriz Maria de Medeiros que voltou a ser apresentado no Festival de Outono de Paris. Já em Itália realizou com o Teatro da Cornucópia o projecto de formação de actores L’École des Maitres. Em 1997 foi dirigido por Brigite Jacques no Théâtre de la Commune-Pandora em Paris e, em 2005, encenou Comedia sin Titulo para o Teatro de La Abadia, em Madrid.
Para além de aparecer em quase duas dezenas de filmes, Luís Miguel Cintra não pára de somar galardões. Em 1998 recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem de Sant’lago da Espada. Em 2005 recebeu o Prémio Pessoa tornando-se a primeira personalidade do mundo do teatro a ser distinguida com este prémio. Finalmente em 2008 recebeu o Prémio da Latinidade, “Troféu Latino”, pela contribuição extraordinária para a arte teatral em Portugal. 

Sábado, 12 de Julho – 18h00
Padre António Vieira
Sermão de Quarta-feira de Cinza
Leitura por Luís Miguel Cintra
Claustros do Museu Alberto Sampaio
Entrada Gratuita